Presidente da associação aposta suas fichas no crescimento econômico

Natália Ponse, de São Paulo (SP)

natalia@ciasullieditores.com.br

Depois de um 2017 conturbado por conta da Operação Carne Fraca, 2018 trouxe ainda mais desafios para o agronegócio brasileiro. Desde a segunda etapa da operação, no início do ano, até a greve dos caminhoneiros, iniciada em maio. Especificamente para o setor de suplementação houve outro revés: o fechamento de duas fábricas de ureia da Petrobras, reduzindo a produção nacional consideravelmente.

“Agora no final de 2018 estamos vendo uma desaceleração no preço da arroba. O suplemento mineral tem uma elasticidade muito grande de venda com o valor da arroba do boi. Hoje, com o mesmo preço da arroba de 2014, as pessoas perdem a intenção de compras, até pelo fluxo de caixa prejudicado”, conta o presidente da Associação Brasileira de Suplementos Minerais (Asbram), Ademar Leal.

O executivo comentou sobre o assunto durante a última reunião entre a associação e seus associados, realizada na última quinta-feira (13). De acordo com os dados divulgados, o ano está sendo encerrado com um crescimento de 2,5% no volume de vendas (em toneladas de produtos) de suplementos minerais. Até agosto o índice estava avaliado em 5%, mas, entre setembro e novembro, o fôlego foi perdido.

 

“Este é um setor muito resiliente e, apesar das dificuldades, as empresas estão bem financeiramente”, diz Ademar Leal (Foto: divulgação/Kika Damasceno)

Em termos de volume de vendas, conforme apontou o pesquisador da FGV Agro, Felipe Cauê Serigatti, foram transacionadas 145 mil toneladas de suplementos em novembro. Na comparação com o mesmo mês de 2017, houve redução de quase 10% no volume. “Praticamente todos os tipos de suplementos registraram a mesma queda, foi generalizado”, afirma o especialista. Ainda de acordo com Serigatti, com exceção do suplemento para diluir, todos os outros apresentaram crescimento ao longo do ano. A categoria “pronto para uso” foi destaque novamente.

 

Em novembro, foram suplementados pouco mais de 51 milhões de cabeças. Houve uma taxa de variação parecida com o volume de suplementos, uma contração de 9%, explica o pesquisador da FGV (Foto: divulgação/Kika Damasceno)

Para Serigatti, a economia deve crescer 1,3% este ano – pouco mais que 2017, quando houve crescente de 1%. Ele ainda coloca em cheque a afirmação de que “o agronegócio brasileiro cresceu mais do que a economia”. Conforme explica, não foi o setor como um todo que obteve esse destaque, mas, sim, as atividades dentro da porteira. “Se por um lado elas puxaram o setor de insumos, por outro essa expansão não gerou transbordamento para a agroindústria”, conclui.

Ademar Leal acredita que a palavra para 2019 é “confiança”. “Estou confiante porque a exportação de carne bovina vem crescendo, e nós da Asbram acreditamos no consumo interno voltando aos patamares normais, com a melhoria de renda e o crescimento econômico”, pontua o líder da associação, que finaliza: “Depois deste ano turbulento, estamos preparados para navegar em mares mais calmos”.

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