Tradicional encontro das indústrias de suplementação mineral mergulha em tecnologia, mercado e comemora os resultados da comercialização em julho
A pecuária brasileira está consolidando um rebanho comercial de 160 milhões de cabeças, que vem crescendo sobre o total de animais, com aporte tecnológico melhor, cravando um aumento de produtividade de quase 3%e vislumbrando um cenário de preços de recuperação forte para 2024 e 2025.Apesar do atual cenário de arroba em baixa. “O mercado que está no jogo é menor em quantidade do que os dados oficiais computam, de mais de 200 milhões de cabeças. O ciclo atual é ruim, mas está vindo com um aporte tecnológico melhor. Alguns produtores estão indo muito bem, movimentando mais animais. E temos o resultado médio que não condiz com os preços baixos. O fluxo de caixa penaliza o produtor, mas o cenário é positivo. Estamos consolidando a nossa pecuária. E ela é gigantesca. Estamos indo ao lugar certo, mas é um processo lento”, analisou Maurício de Palma Nogueira, consultor da Athenagro e Coordenador do Rally da Pecuária, durante o último encontro da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM), realizado no dia 17 de agosto, na capital paulista.
Encontro da ASBRAM, em São Paulo
Ele ressaltou que a produção de carne pelos americanos vai ser menor do que o previsto anteriormente, ficando em 500 mil toneladas, que o Brasil deve exportar 2,91 milhões de toneladas em 2023 e que as péssimas notícias sobre preços do boi não devem desanimar tanto os pecuaristas brasileiros. “Os números estão certos, mas eles escondem várias realidades. O preço da arroba caiu 24% em reais até agora e deve fechar o ano com -15%. E está sobrando carne no mercado interno, juntando frango, suínos e peixes. Um ano meio complicado. Porém, o animal brasileiro está mais pesado e jovem. Estamos produzindo mais carne bovina, mas o brasileiro vai comer neste ano, pela primeira vez, mais de100 quilos de carnes por habitante. E a China está comprando menos, mas ainda é o nosso maior parceiro, com 40% do total das vendas externas. E será assim por muitos anos porque 20% da população mundial vivem lá”, explicou Maurício de Palma Nogueira, que ainda estimou uma recuperação de preços para o boi, de quase 11% no ano que vem e pouco mais de 6% em 2025.
Maurício Palma Nogueira: “Estamos consolidando a nossa pecuária”
São números que combinam com os dados divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O abate de bovinos aumentou 11% no segundo trimestre de 2023 na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 8,2 milhões de animais e 2,1 milhões de toneladas de carne comercializadas. Aumento de 9,5% na comparação com o segundo trimestre de 2022. O volume de carne produzida também cresceu consideravelmente frente ao acumulado do trimestre anterior, de janeiro a março, cravando 12,6%. Um desempenho visto como resultado de investimentos em tecnologias. “O maior volume de abate está ligado ao investimento consolidado em genética bovina de qualidade. Não é novidade o tamanho do desafio enfrentado pelo produtor nos últimos meses, principalmente em relação ao preço pago pelo gado e aos custos de produção. A elevação no abate mostra que, apesar da arroba do boi estar em um período de grande baixa, o pecuarista não deixa de produzir e de investir de forma assertiva em genética, nutrição e saúde animal. E o cuidado na seleção de animais com qualidade genética superior contribui decisivamente para o aumento de produtividade, o que resulta em maior lucratividade ao pecuarista e oferta crescente de carne ao mercado” analisou Cristiano Botelho, executivo da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia).
Para Cristiano, os números da pecuária nacional devem evoluir gradativamente. “Ao passo em que aumenta a disponibilidade de genética bovina de qualidade e o seu acesso torna-se cada vez mais democratizado, os números da pecuária nacional progridem. Assim como a atenção à sanidade animal e à nutrição, são fatores totalmente ligados ao sucesso do negócio”, reiterou.
Um investimento comprovado na comercialização de suplementos minerais em julho, que atingiu 234 mil toneladas, um avanço de 2% na comparação com julho do ano passado e o primeiro mês positivo verificado em 2023. Com o rebanho suplementado somando 72 milhões de cabeças, o segundo melhor período para o índice desde janeiro. “É justamente agora que não podemos desistir do uso das tecnologias nas fazendas”, pontuou Maurício Velloso, pecuarista de corte e leite, engenheiro agrônomo, presidente da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (ASSOCON) e integrante da Comissão de Pecuária de Corte da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA) e Câmara Setorial da Carne Bovina do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
“No cenário mais otimista que projetamos, as indústrias podem fechar o ano com vendas de 2,4 milhões de toneladas de suplementos minerais. O que ainda significa diminuição em relação a 2022, mas de apenas1,3. Ainda há incertezas aqui dentro e no mundo. Daqui para frente é trabalhar bem e encarar os desafios. E entender que o Agro permanece como âncora da nossa economia”, opinou Felippe Cauê Serigatti, professor de economia na Fundação Getúlio Vargas e responsável pelo Painel de Estatísticas de Suplementos da ASBRAM. “A ASBRAM reúne 70% das empresas de suplementos. Logo, existe um contingente que também repassa tecnologia para os pecuaristas que não estão ligados à Associação. O que indica, certamente, um número maior do rebanho suplementado. Isso não deixa de ser positivo”, acrescentou Juliano Acedo, Presidente da ASBRAM, logo depois de anunciar a chegada de dois novos associados, as indústrias Blink e Ruralpec, firmando o quadro atual da Asbram em 84 corporações.“Sabemos que o pecuarista vive um momento difícil, mas é necessário termos um olhar mais completo. Estamos pavimentando um terreno maravilhoso para o ano que vem. O mercado está se ajustando. No fundo, é concentração e consolidação. Com cenário positivo para 2024 e 2025. A resposta está no aporte tecnológico e não no estoque. Estamos no caminho certo”, sacramentou Maurício Palma Nogueira.
Juliano Acedo, Presidente da ASBRAM: “É positivo que deva haver um número maior do rebanho suplementado”