ASBRAM: vendas de suplementos minerais crescem 10,25% em novembro.
E 2024 pode fechar com um recorde absoluto de 2,63 milhões de toneladas, avanço de quase 10% sobre 2023. 2025 exige profissionalização ainda maior
As indústrias de suplementos minerais do Brasil comercializaram em novembro deste ano 213 mil toneladas de suplementos minerais para a pecuária de corte e leite do Brasil. Um valor 10,25% superior ao mesmo mês do ano passado. Assim, o setor já acumula vendas de 2,41 milhões de toneladas, uma evolução de 8,5% sobre 2023, mais do que os doze meses anteriores, com destaque para as soluções de núcleos, proteicos e prontos para uso. Na Pecuária de Corte, a evolução chegou a 7,9% e na Pecuária de Leite o avanço chegou a 14,4%. No total, são 72 milhões de cabeças suplementadas, um número 7,2% maior do que em 2023.
Os dados integram o Painel de Comercialização elaborado mensalmente pela Associação das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram), e foram divulgados na quinta-feira passada, pelo Doutor em Ciências Econômicas e Professor da Fundação Getúlio Vargas, Felippe Serigati, que coordena o levantamento, durante a última reunião mensal da Associação em 2024, realizada em São Paulo.
“E se obtivermos uma performance bem otimista, o segmento pode fechar o ano com vendas de 2,616 milhões de toneladas de volume, um recorde absoluto na história da Associação. 9,8% a mais do que o atingido em 2023”, acrescentou Felippe. Na mesma reunião, o especialista destacou os números de abates de bovinos no terceiro trimestre deste ano, que atingiu 10,3 milhões de cabeças, completando 30 milhões de animais no ano, cravando um aumento de 20% no período sobre 2023.
A reunião iniciou com uma visão ampla do Agronegócio do Brasil dos próximos anos feita pelo Professor da Universidade de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas e sócio fundador do Markestrat Group, Marcos Fava Neves. Ele enfatizou que vários problemas vão permanecer no horizonte do segmento, como eventos climáticos, questões ambientais, riscos de epidemias, guerras, abusos tributários, crise nos transportes, pragas, falta de mão-de-obra, custos, retrocessos nas políticas trabalhistas. Mas ressaltou que a força produtiva e tecnológica do agro asseguram excelentes resultados até 2033. “O Brasil reafirma cada vez mais a posição de fornecedor mundial sustentável de alimentos, bioenergia e agroprodutos. Porque fez assim. Em seis anos, cresceu a produção em 17 milhões de hectares. Hoje, são 81,4 milhões de hectares no total, juntando as duas safras. Tiramos da terra 75 milhões de toneladas de grãos a mais desde 2028-2019. E vamos ofertar 70% da soja mundial, exportar mais de 78 milhões de toneladas de milho, um terço do total mundial, e vender mais de 13 milhões de toneladas de carne de frango, suína e bovina. Transformamos US$ 3 bilhões de soja e milho em grão em US$ 13 bilhões de dólares em proteína animal. É um exemplo de competência em agregação de valor”, enfatizou. Fava Neves ainda pontuou sobre energia, afirmando a liderança brasileira na oferta de etanol para a aviação internacional e importantes subprodutos, como graxa e sebo. “Ao mesmo tempo, os negócios onde a Asbram está envolvida, que é a produção de carne e leite, vão repassar áreas para as lavouras. Sem aumentar um só hectare. Mas os produtores precisam estar atentos para as necessidades da nova economia para se manterem vencedores”, alertou. Questões como criação de valor, clareza de propósitos, padrão de rotinas e procedimentos, desenvolver os melhores relacionamentos, resolver problemas, buscar fidelização, ser veloz e resiliente, inovar, buscar novas tecnologias, cuidar de gente, ter visão de sustentabilidade, revolucionar, liderar e repensar permanentemente. “O Agro continua ótimo, porém há mais complexidade. O dinheiro vai ficar ainda mais escasso. O ideal é que todos fiquem melhor antes de ficarem maiores. E tenham um plano definido para trabalhar junto com os jovens, que gostam do agro e vão trabalhar com o setor”, resumiu.
Um aspecto que também foi tratado pelo pesquisador José Otávio Menten, engenheiro agrônomo e professor da Faculdade de Agronomia da Universidade de São Paulo, integrante do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e presidente do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS). “O Brasil é uma potência Agro Ambiental. Produz 1,3 bilhões de teracalorias em alimentos, é o terceiro maior exportador, com US$ 145 bilhões, empregando 28,6 milhões de trabalhadores. Mas enfrentamos, como todo setor, a redução do trabalho braçal, o aumento do trabalho qualificado e aumento da remuneração média. Temos que enfrentar a necessidade de formação e capacitação. Acompanhar o desenvolvimento incessante em crédito, legislação ambiental, seguro rural, tributação”, reforçou.
O ambiente econômico brasileiro em 2025 pode ajudar nesse sentido, porém não deverá ser tão positivo como em 2024. “As projeções para as atividades agropecuárias são favoráveis. O país vai crescer, mas em velocidade menor por causa da inflação acima do teto em vários grupos, juros já contratados de 14,25% até o fim do primeiro trimestre e governo gastando ainda mais”, advertiu Felippe Serigatti.
Embalado pela espera de um ciclo pecuário que promete ser ainda mais lucrativo em 2025, o comandante da Asbram encerrou a reunião falando das estratégias da entidade. “Estamos terminando o ano com boas perspectivas. É muito bom saborear esse momento no fim do meu primeiro ano de mandato como presidente da Asbram. Obrigado a todos que estiveram com a gente neste tempo todo. E saibam que em 2025 vamos ter muitas novidades, como a reunião inédita em Cuiabá, para debatermos a pecuária com nossos parceiros, durante a realização da Agricorte”, agradeceu o Presidente Fernando Penteado Cardoso Neto.