Avanço em julho sinaliza cenário que pode chegar a até 7% de avanço nas vendas de 2024
As indústrias de suplementos minerais do Brasil comercializaram em julho deste ano 267mi toneladas de soluções nutricionais para pecuária de corte e leite, registrando um crescimento de 13,1% sobre julho do ano passado. Os dados integram o Painel de Comercialização elaborado mensalmente pela Associação das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM) e foram divulgados durante a última reunião da entidade, em São Paulo, no dia 18 de julho. No caso do leite, a elevação foi ainda maior, de 24,3%. O resultado ratifica vendas de 1,41 milhão de toneladas de suplementos minerais nos sete meses deste ano, variação positiva de 3,6% na comparação com o mesmo período de 2023. A entidade representa atualmente 72% das indústrias que atuam no segmento.
“O movimento traduz os investimentos realizados pelas fazendas nesta fase do ano, em que os pastos estão prejudicados pela falta de chuvas e o mercado de carne bovina está bem aquecido, com exportações recordes e consumo interno contínuo graças aos bons números da economia brasileira”, justificou Felippe Serigatti, Cientista Econômico e integrante da Área do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro).
O pesquisador explicou que a performance do setor no segundo semestre do ano vai ser decisivo para o balanço de vendas das empresas neste ano. “Em um cenário razoável, podemos ter contração de pouco mais de 1% sobre 2023. Se tivermos um cenário cheio, as vendas podem crescer 2,9% e bater em 2,38 milhões de toneladas. Se a realidade for bastante otimista, as empresas têm condições de galopar em 7% e cravar 2,6 milhões de toneladas de vendas”, estimou.
Felippe ainda prognosticou que as tendências futuras para a economia mundial são de crescimento menor do que o inicialmente previsto para os Estados Unidos, a Europa, Ásia e China. Mas o nosso mercado interno segue suportando o volume de animais abatidos sem depreciação dos preços. “Os dois jatos da economia mundial, EUA e China, vão crescer menos. A inflação mundial vai desacelerar e os juros vão baixar nos EUA e na União Europeia. Mas o Brasil segue gastando bastante, com desemprego em baixa, volume de dinheiro aumentando, salários acelerando e procura contínua pela carne vermelha no varejo”, afirmou Felippe Serigatti.
Este cenário nacional também é partilhado pelo experiente Engenheiro Agrônomo e Diretor fundador da Scot Consultoria, Alcides Torres, o ‘Scot’. Ele afirma que a nossa carne está ‘barata’ no mercado internacional, o número crescente de compradores lá fora fortalece a proteína brasileira e o confinamento de nosso país é de excelente qualidade. E ainda reforça que o ‘Boi China’ fez bem à Pecuária verde & amarela, aumentando o abate precoce de animais, uso de pasto rotacionado, maior capital de giro na fazenda. “E tem mais. Nosso sistema de sanidade animal funciona e a decisão de cancelar a vacinação contra a Febre Aftosa foi tomada com base em estatísticas. E o ciclo pecuário vem diminuindo a cada década que passa. Hoje, estamos vivendo a virada de mais um ciclo e bons negócios estão sendo feitos. Penso que os desafios, agora, são diminuir a dependência da China, que hoje compra pouco mais da metade de nossa carne vermelha. Catequizar o pecuarista a fazer melhor suas contas, investir em pastagem e infraestrutura nos momentos adequados, pensar em comercialização na Bolsa. Os sinais sugerem que o pior já passou. E ainda é bom momento de comprar rebanho. Nossa economia segue bem, o desemprego está baixo e os gastos das famílias aumentam. No Campo, é função de quem fornece insumos instruir os produtores de como produzir com eficiência. E a Asbram faz isso com seu exército de 15 mil profissionais ao lado das fazendas. E o trabalho de extensão da iniciativa privada é bem mais eficiente do que a da inciativa pública”, avaliou.